sexta-feira, 14 de maio de 2010

Classic x Logan


Juntar sedã e motor 1.0 é o mesmo que usar dois sabores que não combinam em uma receita indigesta. Apesar disso, algumas fabricantes insistem em usar essa fórmula difícil de engolir. Dois desses “sedãzinhos”, Classic e Logan, acabaram de mudar, esforçando-se para se tornarem mais apetitosos depois de uma mudança visual. E lá fomos nós para prová-los num comparativo em que o veterano da GM surpreendeu, mas não levou. A vitória apertada ficou com o Renault, que se aproveitou da idade do projeto do concorrente e fez a diferença pelo espaço interno maior, da melhor estabilidade, além de outros aspectos, como o preço um pouco mais em conta quando a escolha é por equipar o carro com ar-condicionado e direção hidráulica. Básicos, os dois custam praticamente o mesmo. O Classic sai por R$ 28.294 ante R$ 28.690 do Logan, preços que chegam a R$ 33.490 e R$ 32.690, respectivamente, se for incluído ar-condicionado e direção hidráulica. Portanto, completo, o Renault chega a ser R$ 800 mais em conta que o GM. De série, ambos contam apenas com o essencial, sem oferecem nenhum conforto. São itens como vidros verdes, calotas integrais, barras de proteção laterais, mas nada de equipamentos mais interessantes. Aliás, há casos de itens que poderiam ser de série, como o caso do protetor de cárter do Classic e do desembaçador do vidro traseiro do Logan. Mas toda a simplicidade da falta de equipamentos e da sobra de plástico não é o que mais incomoda nesses sedãs de sabor amargo. É no dia a dia, quando é preciso subir qualquer ladeira ou encher o porta-malas e pegar uma estrada é que vem à tona o lado mais indigesto dessa dupla. Nesse aspecto, o modelo da GM surpreendeu, mostrando um pouco mais de fôlego, incomodando menos os ouvidos e com uma ligeira vantagem em economia de combustível, importante nesse segmento de sedãs populares. O Classic chegou a fazer 10,9 km/l de álcool em trecho urbano, ante 10 km/l do rival. E se o Classic não é um exemplo de carro silencioso, pelo menos fica mais bem cotado que o Logan e seu motor 1.0 que gosta de berrar. E não tem como fazer o Renault não sair aos berros por aí, já que se o ponteiro do contagiros não ficar sempre acima dos 3.500 rpm o carro finge que não é com ele quando você pisa no acelerador. Agora já começa a ficar fácil de entender porque a receita de sedã com motor 1.0 é tão indigesta, não? Por causa do porta-malas saliente, os sedãs são mais pesados que os hatches populares. Com a falta de força do motor 1.0, tornam-se cansativos (e em alguns casos até perigosos) de dirigir no cotidiano. Haja força no acelerador e disposição para trocar de marcha o tempo todo, em busca da faixa que o motor responde melhor. Vamos aos números: o Logan pesa 1.025 kg e tem 77 cavalos (13,3 kg/cv) e o Classic 905 kg com seus 78 cv (11,6 kg/cv). Com melhor relação peso-potência e motor de 8 válvulas (responde melhor em baixa rotação), o Chevrolet se mostrou mais ágil nas retomadas. De 40 a 100 km/h, em, quarta, fez em 13,5 segundos, ante 14,8 segundos do Renault. Com motor cheio, na prova de aceleração de 0 a 100 km/h, o Logan dá o troco (14,9 segundos ante 15,9 segundos do rival), mas as ultrapassagens mais rápidas do Classic contam mais no dia a dia. Mesmo assim, o Logan saiu com a vitória por outros itens ligados ao desempenho, como na estabilidade. Além de ser mais largo (1,74 metro ante 1,61 m do Classic), o Renault vem com rodas de aro 14 montadas em pneus 185/70R bem mais largos que os minúsculos 165/70R 13 do Chevrolet. Pois é, o GM ainda vem com rodas de aro 13, algo que está caindo em desuso nos modelos disponíveis no mercado e prejudica o desempenho do carro nas curvas. Além disso, os freios do Logan se mostraram mais eficientes, transmitindo mais segurança e travando com menos facilidade. Mas apesar de ter melhorado em relação ao Clio, o câmbio do Logan ainda fica devendo uma trambulação um pouco melhor, o que ajuda a tornar os engates mais precisos. E como tem um projeto mais moderno, a posição de dirigir do Renault é mais agradável, com possibilidade de ter banco e volante com regulagem de altura, o que o Chevrolet não tem. Ponto para o Renault também pelo porta-malas maior (510 litros ante 390 litros do Classic).
Recém-reformados, ambos passaram a ficar com aspecto um pouco mais interessante aos olhos. O efeito da mudança é mais perceptível no caso do Classic, que estava há 15 anos sem novidades estéticas significativas. Agora ficou com jeito mais atual, embora ainda desatualizado, já que adotou o mesmo desenho do Sail que acabou de ser substituído por outro no mercado chinês. Mas o principal problema do Chevrolet é a falta de espaço interno. Cinco ocupantes ficam apertados e, por dentro, o carro não mudou nada desde meados dos anos 90, exceto por detalhes, como grafismo dos instrumentos e o aparelho de som. No caso do Logan, a reforma visual veio em boa hora, já que um dos pontos mais criticados do carro é exatamente o desenho conservador (de propósito, para reduzir custos das peças). Houve uma ligeira melhora, uma vez que o carro ficou igual ao europeu e um pouco menos sisudo. Além disso, houve o esforço da Renault de melhorar a ergonomia ao instalar os botões dos vidros dianteiros elétricos nas portas. O resultado é positivo levando em conta a posição anterior (no painel), mas deixa a sensação de improviso.



Fonte: AUTONEWS Notícias

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