Dirigir do lado direito mostra a variedade de perspectivas
Ter sempre um mesmo ponto de vista, inclusive no trânsito, enferruja a cabeça e embota o espírito...
Ter sempre um mesmo ponto de vista, inclusive no trânsito, enferruja a cabeça e embota o espírito...
Levantar o capô para fotografar o motor, tarefa normal e corriqueira em qualquer automóvel, revela alguns condicionamentos a que estamos sujeitos, pois a primeira reação é abrir a porta do lado esquerdo. O fato é que só nos damos conta disto quando nos vemos numa situação como a descrita acima - avaliando um veículo em um país de mão do lado direito, a famosa mão inglesa. Afinal, estamos no Reino Unido. Por um acaso do destino, a alça de abertura do capô estava mesmo do lado esquerdo, mas não o volante. Ele fica do lado direito. Quem nunca andou em um veículo com mão inglesa deve se perguntar: e como se dirige desse jeito? Onde ficam os comandos?
Fora o câmbio, tudo é exatamente igual. O pedal do acelerador do lado direito, o do freio no meio e da embreagem à esquerda. Não cheguei a guiar nenhum veículo com câmbio manual até agora, mas os engates também são como os dos carros que conhecemos: primeira acima à esquerda, segunda abaixo à esquerda, terceira acima no meio, quarta abaixo no meio e quinta acima à direita. A ré, como diria Adoniran Barbosa, “vareia”.
Nos Land Rover avaliados, o câmbio automático evitou estranhamentos em relação aos engates, mas não com o jeito de dirigir. Com o volante do lado direito, o motorista tem de ficar para o lado de dentro da via. Isso faz com que quem vai adiante ande na faixa da esquerda, não na da direita, como no Brasil. A princípio, não é algo difícil de entender. Até chegarmos à primeira rotatória, chamada pela portuguesa do sistema de navegação de “rotunda”. Entramos na “rotunda” pela esquerda, não pela direita. Ou quando temos de converter à direita. A tendência é pegar a direita e seguir adiante. Os ingleses devem tomar sustos regulares com os malucos dos estrangeiros andando na faixa errada. Por sorte, não foi algo que aconteceu com freqüência. Só uma ou duas vezes durante a avaliação...Depois de entender qual o lugar a ocupar em cada via (algumas delas tão estreitas que só passa um carro de cada vez, mas todas são mão dupla...), leva tempo para acostumar com a posição em que o carro deve ficar dentro da faixa. Mais para a direita ou mais para a esquerda? As guias avisam o melhor lugar sem muita paciência, o que exige algum outro tipo de balizamento. As faixas, menos agressivas, tratam disso.
Além da experiência interessante, o episódio mostra o quanto é bom, vez por outra, se colocar diante de coisas corriqueiras (o trânsito, por exemplo) sob uma outra perspectiva. Como passageiro. Como um motorista inglês. Como pedestre. Isso aperfeiçoa as habilidades. Traz a humildade de perceber que não sabemos tanto quanto gostaríamos. Coloca todos nós diante da certeza de sermos aprendizes (graças a Deus). Desenferruja a alma e aviva o espírito. A quem tiver essa chance, fica a mais veemente recomendação: não a deixe passar. Nem essa nem nenhuma outra de enxergar o mundo sob um outro ponto de vista, sempre em direção a uma visão mais ampla e mais rica.
Texto: Gustavo Henrique Ruffo
Fora o câmbio, tudo é exatamente igual. O pedal do acelerador do lado direito, o do freio no meio e da embreagem à esquerda. Não cheguei a guiar nenhum veículo com câmbio manual até agora, mas os engates também são como os dos carros que conhecemos: primeira acima à esquerda, segunda abaixo à esquerda, terceira acima no meio, quarta abaixo no meio e quinta acima à direita. A ré, como diria Adoniran Barbosa, “vareia”.
Nos Land Rover avaliados, o câmbio automático evitou estranhamentos em relação aos engates, mas não com o jeito de dirigir. Com o volante do lado direito, o motorista tem de ficar para o lado de dentro da via. Isso faz com que quem vai adiante ande na faixa da esquerda, não na da direita, como no Brasil. A princípio, não é algo difícil de entender. Até chegarmos à primeira rotatória, chamada pela portuguesa do sistema de navegação de “rotunda”. Entramos na “rotunda” pela esquerda, não pela direita. Ou quando temos de converter à direita. A tendência é pegar a direita e seguir adiante. Os ingleses devem tomar sustos regulares com os malucos dos estrangeiros andando na faixa errada. Por sorte, não foi algo que aconteceu com freqüência. Só uma ou duas vezes durante a avaliação...Depois de entender qual o lugar a ocupar em cada via (algumas delas tão estreitas que só passa um carro de cada vez, mas todas são mão dupla...), leva tempo para acostumar com a posição em que o carro deve ficar dentro da faixa. Mais para a direita ou mais para a esquerda? As guias avisam o melhor lugar sem muita paciência, o que exige algum outro tipo de balizamento. As faixas, menos agressivas, tratam disso.
Além da experiência interessante, o episódio mostra o quanto é bom, vez por outra, se colocar diante de coisas corriqueiras (o trânsito, por exemplo) sob uma outra perspectiva. Como passageiro. Como um motorista inglês. Como pedestre. Isso aperfeiçoa as habilidades. Traz a humildade de perceber que não sabemos tanto quanto gostaríamos. Coloca todos nós diante da certeza de sermos aprendizes (graças a Deus). Desenferruja a alma e aviva o espírito. A quem tiver essa chance, fica a mais veemente recomendação: não a deixe passar. Nem essa nem nenhuma outra de enxergar o mundo sob um outro ponto de vista, sempre em direção a uma visão mais ampla e mais rica.
Texto: Gustavo Henrique Ruffo