Comece a se acostumar. Depois que a Kia lançou o Soul no Brasil, sua percepção em relação à marca coreana vai mudar. Misturando elementos de veículos urbanos (como o Mini) com os de utilitários esportivos, o novo compacto tem visual robusto e jovial, que não remete a nada do que a empresa fez até hoje. O caixotão de quatro rodas com linhas mais arredondadas é o primeiro passo da mudança de mentalidade da Kia, que finalmente começa a deixar de lado a timidez para ousar. Com o Soul, a empresa deve surpreender vários tipos de consumidor. Agradará jovens, modernos, aqueles que querem um carro urbano espaçoso e os que gostam da robustez dos jipes. Utilitário esportivo? Não é exagero dizer que o compacto agrega características desses veículos. Vamos contabilizá-las.
A primeira é a forte aparência, com frente alta e encorpada. A segunda está na posição elevada para dirigir. A terceira, no generoso espaço interno. Dois centímetros mais curto que o Prisma, o Soul mede 4,10 m e tem entre eixos de 2,54 m. Garantia de folga para as pernas dos passageiros. Além disso, o “pé-direito” interno é excelente. Ninguém irá bater a cabeça ao entrar no carro ou ao se acomodar. As saídas de ar nos pára-lamas dianteiros, perto das portas, são semelhantes às utilizadas pela Land Rover no Discovery. No Soul, são apenas decorativas. As barras longitudinais no teto e o pára-choque com um discreto quebra-mato, no estilo Fiat Adventure, completam o lado utilitário esportivo. O desempenho do motor 1.6 16V, porém, passa longe de um jipe. É mais indicado para a cidade, com bom fôlego, e casando muito bem com o câmbio de engates precisos e relações mais longas que as do novo Cerato. No entanto, é um pouco barulhento a partir das 2.500 rpm.
Como a Kia quer despertar paixão no consumidor com o Soul, especialmente nos mais jovens (de coração também, frisa a marca), caprichou no estilo descolado por dentro. O painel tem ângulo inclinado para trás, que facilita a leitura das informações do dial do rádio. Os porta-objetos e porta-luvas são revestidos por dentro com acabamento colorido, como o vermelho vivo da unidade avaliada, uma pré-série trazida para o Salão. Este porta-objetos, por sinal, tem abertura nada simples. Todos os bancos são revestidos com tecidos que trazem o nome do carro, como em séries especiais esportivas. O desenho da carroceria é ainda mais marcante, com muitos recortes e saliências no capô, pára-lamas e tampa do porta-malas. E linhas não usuais. Basta olhá-lo de lado para notar que a espessura do teto diminui gradativamente de trás para frente, dando a impressão de que o carro é achatado. O Soul tem amplo pára-brisa, rodas aro 18, maçanetas e tampa do tanque cromados. Os faróis e as grandes lanternas dão aparência musculosa e urbana. Segundo a importadora, a versão avaliada não traz o detalhe na grade que marca o estilo “nariz de tigre”, assinatura do chefe de designer da empresa, Peter Schreyer. Em um primeiro momento, a Kia irá importar a novidade somente na versão equipada com motor 1.6 16V. O câmbio pode ser manual ou automático de quatro velocidades. Se o consumidor aprovar – tarefa dura tendo em mente que, hoje, custaria R$ 70 mil –, é possível que a versão 2.0, de 140 cv, seja importada, bem mais cara. Caso o Soul tenha boa demanda, pode fazer a importadora finalmente tirar do papel os planos de montar uma fábrica aqui, sonho de dez anos. E essa nova face da Kia pode ser a escolhida para inaugurá-la. Depende de você, consumidor, e da economia.
Fonte: Autoesporte – Alexandre Carvalho